"UM DIA UM ANJO VIRÁ ANUNCIAR A BOA NOVA..."

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Ufa!!!

Com o trabalho, as demonstrações da Bimby, a dança e tudo, e tudo, não tenho tido tempo para quase nada!!!!
Estou a ficar cansada!!! Mas tenho que aproveitar agora, para poder "pagar" a minha Bimby e juntar algum para um tratamento no privado...

Sobre a Adoção...

Este texto foi retirado de outro blog:http://www.mamanandco.com.pt/forum/topic322.html

"Clara é uma famosa escritora que vive em Lisboa, bióloga e historiadora da ciência. Em 1999, adotou dois meninos de rua, irmãos, um com 6 e outro com 7 anos."


Do verme ao homem

CLARA PINTO CORREIA

  "Eu penso que a adopção é uma óptima forma de pegarmos no eterno debate que tanto move os espíritos modernos e tanto marcou a definição da cultura que nos legou o século 20, esta questão de se o que forma os seres humanos é o seu genoma ou o seu ambiente. No caso dos meninos que a gente adopta, os genes eles trazem-nos nenhum de nós sabe de onde; e se, como os meus, os meninos adoptados já falam e já pensam e já têm memórias, também já trazem consigo uma bagagem nada dispicienda de um ambiente que também nos é completamente estranho, e do qual sabemos quase nada ­ vamos sabendo, assim como quem junta pedacinhos muito crípticos de um puzzle de outro planeta, à medida que eles vão falando connosco; e, na maioria dos casos, o que vamos sabendo preferíamos nunca ter tido que saber, porque preferíamos que no nosso mundo aquilo não existisse, nem nunca tivesse existido, nem nunca viesse a ter qualquer possibilidade de vir a existir.
  Ou seja, aqui dá mesmo para ver o que é que conta mesmo nesta charada de um ser humano se transformar num ser humano.
  Claro que os genes contam. Se os meus filhos tivessem os meus genes, teriam certamente um fenótipo mais colado ao meu, uma voz mais assustadoramente igual à minha, talvez algumas das minhas tristezas intrínsecas, sem dúvida alguns dos meus instintos e das minhas fantasias. Se eu tivesse tido um filho da minha barriga e nunca mais o tivesse visto e ele tivesse ido viver para uma paragem qualquer muito longínqua e muito diferente desta, era indiscutivelmente provavel que aos vinte anos os meus genes fizessem com que essa pessoa sentisse uma grande atracção pelo teatro, ou sofresse de um grande medo do escuro, ou tivesse imensas histórias para contar. E olhos azuis não teria de certeza. Mas para lás destes pequenos pormenores sem importância não teria grande coisa a ver comigo, porque todas estas características são parte do meu esqueleto mas não constituem a minha pessoa.

 A minha pessoa, essa, eu vejo-a agora crescer dentro destes meninos cujos genes eu desconheço. Encontro neles as minhas expressões, os meus gestos de mãos, os meus minúsculos tiques de postura, os espelhos do meu gosto, das minhas manias, das minhas idiossincrasias. E, sobretudo, encontro cada vez mais neles os meus valores. Ouço-os dizerem um ao outro as coisas que eu digo. Conheci-os no primeiro dia atavicamente grudados à televisão, e agora já não se lembram de que ela existe. Quando falam dos meus cigarros (que eles não aprovam) dizem os NOSSOS cigarros. Vejo o pensamento deles a começar a travejar-se pelas veredas por onde segue o meu. Às vezes até já acabam as minhas frases por mim, porque as minhas ideias e as minhas palavras já começaram a ser as palavras deles. As birras que eles fazem, as fúrias que eles têm, os terrores que os arrancam da cama a meio da noite, o medo ou o prazer que encontram instintivamente estudo, isso não discuto que veio do mesmo genoma alheio que moldou os olhos e os narizes deles. Mas mesmo os olhos e os narizes deles já mudaram abissalmente.
 
  Ainda só passaram alguns meses, e agora quem dantes conhecia estes meninos já não os reconheceria na rua. Discutir se o que importa na pessoa é o genoma ou é a educação é tão bizantino como discutir se o que manda na célula é o núcleo ou o citoplasma. Não adianta. Como eu estou sempre a dizer aos meus filhos, a vida não é um concurso. O núcleo tem lá as informações todas, pois tem. Mas o citoplasma é que as processa. Se ainda não acreditávamos mesmo nisto, tivémos que passar a acreditar desde que a Dolly foi clonada a partir de uma célula somática adulta. É muito bonita, toda esta conversa de deixarmos no mundo os nossos genes. Mas, em termos reais, deixar cá os genes é tão relevante como deixar cá o esqueleto. A carne que cobre o esqueleto é a educação que a gente dá aos nossos filhos. E isso, isso mesmo, e verdadeiramente isso ­ isso é que é a nossa imortalidade, porque isso é que é mesmo o que cá fica de nós depois de morrermos. Genes há muitos. Idéias nossas só há mesmo as nossas. O que nós deixamos no mundo é a educação que démos aos nossos filhos, e não a sequência de pares de bases de que são feitos os núcleos deles.
 
  A adopção sempre partiu de um princípio absolutamente viciado, que é a ideia de ser uma segunda escolha. Uma solução de recurso destinada apenas aos infelizes que não podem ter filhos da barriga deles. Eu, que nunca pude ter filhos da minha barriga e sofri muito com isso, agora até me arrepio toda a pensar que podia ter tido. É que, se os tivesse tido, agora não tinha estes. E estes é que são os meus. A gente não poderá nunca saber como funciona esta espantosa lógica universal, mas a cabala diria que estes filhos me estavam destinados por um nome que foi inscrito no Céu muito antes de eu nascer. As barrigas são o que menos interessa. O que interessa é existirem pais e mães e filhos, e o que os pais, e as mãe, e os filhos, pela vida fora ensinam uns aos outros. O que nos trava antes de eles virem da barriga ou virem sabe-se lá de onde.
 
  É exactamente o mesmo medo, o medo tramado de saltar da prancha de dez metros. Aquilo, visto lá de cima, parece tão impossível, tão assustador. E a pessoa fica para ali toda encolhida, a tremer de frio, a ponderar o salto. E é a parte de dar o salto que custa. Depois de estar na água, é nadar. E nadar é muito bom. Faz muito bem à saude.

  Ó pessoas, não tenham medo. Deixem-se lá de mariquices com os genes, eles assim como assim vieram todos das primeiras bactérias que sairam das primeiras moléculas orgânicas daquela irrepetível sopa primitiva. A gente ainda tem sequências inteirinhas que são iguais às dos vermes. Adoptem filhos. Adoptem já. Pensem nisto como uma grande aventura, uma grande diabrura como aquela da prancha de dez metros como éramos pequeninos. Lembram-se do que custou, depois de lá termos trapado para cima todos gabarolas e de peito feito? Mas olhem, com estes filhos como com todos os filhos, só o salto é que custa. Depois já nunca mais olhamos para trás.
Aliás, mesmo que quiséssemos, não tínhamos tempo.
E olhem que eu estou a escrever isto depois de uma longa noite em que um está com bronquite e insuportável com a parvoice do medo de morrer, e o outro fez uma birra para comer a sopa como não há memória nesta casa."

CLARA PINTO CORREIA, bióloga, historiadora da ciência e autora de mais 20 livros, entre eles "Adeus, Princesa", "Ovário de Eva", "Os Clones Humanos", "Os Mensageiros Secundários", é também vice-reitora da Universidade Lusófona de Lisboa

sexta-feira, 15 de abril de 2011

A nova Ajudante...

... para a equipa do "Anjos na Cozinha" é esta!!!
Espero que gostem... e que visitem mais vezes este outro blog que muito prazer de dá a fazer!!!

sexta-feira, 8 de abril de 2011

E hoje...

... não foi o meu dia!!!
Ainda não foi desta que consegui realizar o inicio do meu sonho de ser MÃE...
Mais dias virão e esse dia há-de chegar... de uma forma ou de outra!!
Agora é seguir em frente de cabeça erguida e ir à luta...
Obrigada a todos os que me apoiaram nesta caminhada!!!
Beijos
Fátima